Anãs brancas

Pulsações em anãs brancas

O estudo de pulsações em estrelas proporciona uma forma única de investigarmos o seu interior. Em analogia com a ciência que estuda o interior da Terra chamamos esse estudo de astrossismologia. Depois do Sol as estrelas anãs brancas são aquelas para as quais mais informação foi possível obter. Até o presente, a astrossismologia permitiu medir velocidades de rotação, massadas camadas superficiais (anãs brancas possuem uma estrutura em camadas), massas totais, rotação diferencial, bem como as taxas de esfriamento das anãs brancas ao longo do diagrama HR.

Há mais de três décadas existem previsões teóricas [1] que os núcleos de anãs brancas frias devem cristalizar. Contudo, até hoje nenhum teste observacional da teoria foi efetuado.

Winget et al. [2] mostraram que é possível usar anãs brancas como cronômetros para medir a idade de grupos estelares, em particular de nossa Galáxia, o que por sua vez serve como um limite inferior para a idade do Universo. Em face à discórdia atual dos valores da idade do Universo obtidos através do valor da constante de Hubble (H0) e de idades estelares em nossa nossa Galáxia [e.g. 3] a cronologia de anãs brancas ganhou atenção redobrada. A compreensão do fenômeno da cristalização é essencial para os estudos de esfriamento de anãs brancas. Se a cristalização realmente ocorre ela adiciona aproximadamente 1 bilhão de anos aos tempos de esfriamento calculados para anãs brancas. Existe ainda um efeito potencialmente maior associado com a possível separação de fase dos elementos durante a cristalização que poderia adicionar entre 1 e 3 bilhões de anos às idades calculadas.

Esta linha de pesquisa se propõe a testar observacionalmente a teoria de cristalização, visando alcançar uma melhor compreensão do processo de esfriamento em anãs brancas e obter estimativas mais acuradas de suas idades. Para tanto investigamos a estrutura interna de anãs brancas através do estudo das suas pulsações. Ao longo de 1998 estamos realizando uma campanha observacional visando obter cobertura permanente da curva de luz da anã branca pulsante BPM 37093, fazendo uso do Whole Earth Telescope. Os dados serão usados para comparar as características de suas pulsações com modelos teóricos para estrelas pulsantes com núcleos cristalizados.

Referências

[1] Salpeter E., 1961, Astrophysical Journal, 134, 669

[2] Winget et al., 1987, Astrophysical Journal, 315, L77

[3] Jacoby G.H., 1994, Nature, 371, 741

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